Marcelo, com atuação temerária na defesa e decisiva no ataque, foi o destaque da partida; Fred fez dois gols
Por Marcos Sergio Silva, de Salvador
Fred (esq.) comemora o quarto gol brasileiro, seu segundo na vitória de 4 x 2 sobre a Itália / Crédito:
Kai Pfaffenbach/REUTERS
Não foi como nos últimos jogos. Primeiro a organização cortou o hino
nacional pela metade, embora o baiano continuasse a entoá-lo mesmo sem
acompanhamento. Embora o Brasil fizesse a blitzkrieg habitual – um termo
alemão da Segunda Guerra Mundial para "ataque relâmpago", o gol não
saiu. E a seleção demorou a entender como furaria a retranca da Itália.
E que retranca. Eram oito homens não deixando espaços para os três
jogadores de frente do Brasil – Fred, Hulk e Neymar. Só esse último foi
encaixotado pelo esquema do técnico Cesare Prandelli, que deixou quatro
homens apenas para não lhe dar espaço. Conseguiu. Quem ficava atrás
dessa linha (Oscar, Hernanes, Daniel Alves) não conseguia passar ou
lançar para o povo da frente. Paulinho, lesionado, com o tornozelo
esquerdo inchado, fez falta.
As poucas jogadas de frente sobraram para Marcelo. Mas a tarde do
lateral não era das melhores: ele não conseguia acertar os cruzamentos.
Fred continuou abaixo da média. Hulk, esforçado, não colaborou na frente
e ainda falhou na marcação de Marchisio, que serviu para Balotelli,
livre, desperdiçar.
Foi um primeiro tempo movimentado em termos de substituições. A Itália
trocou Montolivo por Giaccherini e Abate, machucado, por Maggio. Aos 13
minutos, a preocupação: David Luiz, que era dúvida por causa da lesão no
nariz sofrida no jogo contra o México, cai no chão, sentindo a coxa
esquerda. Dante começa a se aquecer, mas só entraria aos 32 minutos.
Neymar seguia apagado. No único lance em que se encontrava livre de
marcação, em uma roubada de bola, serviu Fred impedido. Depois, depois
de toque de letra de Fred, avançou na área em chutou à direita do gol de
Buffon. O menino da Vila ainda levou amarelo por entrada dura em Abate.
Aí entra em cena Dante, que, como já disse o técnico Gentil Cardoso,
passou de besta para bestial em dois lances muito próximos. No primeiro,
furou uma bola que por pouco não foi aproveitada por Fred. Depois, em
cruzamento de Neymar cabeceado por Fred e defendido por Buffon,
aproveitou o rebote para marcar o primeiro gol da seleção na partida –
embora estivesse em posição irregular na hora do cabeceio do atacante
tricolor.
O segundo tempo agravou problemas e qualidades. Marcelo parecia não
acompanhar Maggio, o substituto de Abate. Por esse lado Giaccherini foi
lançado para empatar aos 6 minutos, sem Thiago Silva e Hernanes pudessem
cobrir. O lateral-esquero se redimiu em dois lances. No primeiro, fez
boa jogada com Neymar, que foi derrubado na área. Cobrou perfeitamente e
marcou, aos 10 minutos, sem chances para Buffon. Na sequência, encaixou
um lançamento perfeito no melhor estilo Gerson para Fred, que fez o
primeiro gol na Copa das Confederações.
Mas foram os buracos de Marcelo, novamente, que fizeram o Brasil tomar o
segundo gol da Itália. A seleção italiana havia adiantado a marcação, o
que encurralava o Brasil no campo de defesa. Aos 25 minutos, em
escanteio cobrado por Candreva, Chielini concluiu: 3 x 2.
Para conter os buracos no lado de Marcelo, Felipão colocou Fernando. O
gremista ficava entre os dois laterais, alternando com Luiz Gustavo.
Maggio seguia dançando em cima de Marcelo e ainda acertou a trave em um
cabeceio.
Mas, nesse dia de altos e baixos, foi Marcelo quem concluiu para o gol,
e Fred, no rebote, fez o quarto gol brasileiro. Um resultado que deixa
uma pergunta: há vilões entre os vencedores?
FICHA TÉCNICA
ITÁLIA 2 X 4 BRASIL
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA)
Data: 22 de junho de 2013, sábado
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)
Assistentes: Adbukhamidullo Rasulov (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochakarov (Quirguistão)
Cartões amarelos: Marchisio (Itália); David Luiz, Neymar e Luiz Gustavo (Brasil)
Gols:
ITÁLIA: Giaccherini, aos cinco, e Chiellini, aos 26 minutos do segundo tempo
BRASIL: Dante, aos 46 minutos do primeiro tempo; Neymar, aos dez, e Fred, aos 21 e aos 43 minutos do segundo tempo
ITÁLIA: Buffon; Abate (Maggio), Bonucci, Chiellini e
De Sciglio; Montolivo (Giaccherini), Aquilani, Candreva, Marchisio e
Diamanti (El Shaarawy); Balotelli.
Técnico: Cesare Prandelli
BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David
Luiz (Dante) e Marcelo; Luiz Gustavo, Hernanes e Oscar; Hulk
(Fernando), Fred e Neymar (Bernard).
Técnico: Luiz Felipe Scolari