domingo, 27 de novembro de 2011

Brasil terá meio milhão de novos casos de câncer até 2013


O Instituto Nacional de Câncer (INCa) José Alencar Gomes da Silva, no Rio, estima que nos próximos dois anos serão registrados no país cerca de 520 mil novos casos de câncer. Os dados foram apresentados hoje e fazem parte da publicação “Estimativa 2012”, que destaca os tumores mais incidentes nas regiões do país. O evento no INCa marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer, em 27 de novembro.


A “Estimativa 2012” lista 18 tipos de canceres de maior incidência na população brasileira e eles correspondem a 85% dos 518.510 novos casos. Para os oncologistas, as estimativas são a principal ferramenta de gestão da saúde pública, porque permitem o planejamento de forma regionalizada, afirma Luiz Antonio Santini, diretor-geral do INCa. Na publicação foram incluídas sete novas localizações de tumores: bexiga, ovários, tireoide (sexo feminino), sistema nervoso central, útero, laringe (sexo masculino) e linfoma não Hodgkin.

No sexo masculino, além do câncer de pele não melanoma (o mais letal em pele), o tumor de próstata continuará sendo o mais comum com 60.190 novos casos em 2012 e 2013, seguido por pulmão, traqueia e brônquios (17.210), cólon (parte do intestino) e reto (14.180). Nas mulheres (desconsiderando pele), o câncer de mama terá 52.680 casos, seguido de colo do útero (17.540) e cólon e reto (15.960). O que chama a atenção é que no sexo feminino o câncer de tireoide já ocupa o quinto lugar, com 10.590 nos próximos dois anos.

Com relação à tireoide, a oncologista Rossana Corbo, responsável pelo Serviço de Endocrinologia do INCa, afirma que a melhora na qualidade dos exames e da investigação em casos suspeitos contribui para a exatidão do diagnóstico de alterações malignas. E isso se reflete no aumento do número de casos desse tipo de tumor, diz a médica.

Segundo o oncologista Cláudio Noronha, coordenador de ações estratégicas do INCa, ações de promoções da saúde, diagnóstico precoce e ampliação do acesso aos serviços médicos aumentam a longevidade. Porém, quanto maior a expectativa de vida, maiores as chances de ocorrência de alguns tipos de câncer, comenta Noronha.

_ Um exemplo nos homens é o tumor de próstata _ comenta Noronha. _ A estimativa do INCa mostra ainda que houve declínio de canceres de colo de útero e estômago. No primeiro caso, a queda está associada a uma melhor prevenção.

Para a prevenção do câncer de colo do útero, causado pelo papilomavírus humano (HPV), o Ministério da Saúde recomenda que as mulheres de 25 anos aos 64 anos façam o exame preventivo (o Papanicolau) anualmente. Se no intervalo de dois exames seguidos om resultado for normal, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Hoje já existem as vacinas que protegem contra o HPV.

Já a redução do número de registros de câncer de estômago em algumas regiões pode estar relacionada à melhora da conservação de alimentos, dieta mais saudável, com menor consumo de alimentos enlatados, embutidos, e controle de infecção pela bactéria Helicobacter pylori.

_ Por outro lado, o número de casos de câncer de pulmão tem aumentado, especialmente entre mulheres na Região Sul. E a principal causa é o hábito de fumar _ diz o oncologista.

Os fatores ambientais e hábitos pesam no desenvolvimento de câncer. O tumor maligno de pulmão, por exemplo, aumenta 2% ao ano em todo o mundo. Segundo pesquisadores, cerca de 90% dos casos estão associados ao hábito de fumar. Isso significa que pelo menos 24 mil novos poderiam ser evitados, com o fim do tabagismo. No Brasil, esse tipo de tumor é o segundo mais frequente na região Sul: 37 casos para cada 100 mil habitantes; área que concentra a maior parte da produção de fumo do país. No Sudeste, serão registrados 20 casos de câncer de pulmão para cada 100 mil.

No caso de câncer de cólon, o segundo lugar na região Sudeste (22 casos para cada cem mil), os principais fatores de risco são envelhecimento, história familiar da doença em parentes próximos, excesso de peso e dieta inadequada, com poucas fibras. O abuso crônico de álcool é outro fator de risco para esse tipo doença, alerta o nutricionista Fábio Gomes.

No que diz respeito ao câncer de mama, também a idade é o principal fator de risco, especialmente acima de 50 anos. No Brasil, além do exame clínico de rotina, com o ginecologista ou mastologista, o INCa recomenda a mamografia a cada dois anos, dos 50 aos 69 anos.

_ Nos casos em que a mulher tem história familiar da doença, recomenda-se que o exame clínico e a mamografia anualmente a partir dos 35 anos _ diz a oncologista Ana Ramalho, coordenadora da Divisão de Atenção Oncológica do INCa.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2030 serão registrados 27 milhões de casos de câncer, com 17 milhões de mortes por câncer. E maior a incidência será em países de baixa e média rendas.

(Por O Globo)