sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Com medo de morrer, Nelter Queiroz vai se licenciar da Assembleia

 Nelter teria ficado marcado para morrer ao cobrar prisão dos criminosos

Alvo de ameaças de morte atribuídas ao presidente da Câmara Municipal de Assu, vereador Odelmo de Moura Rodrigues, o deputado estadual Nelter Queiroz ( PMDB) vai pedir licença do mandato. A decisão é dada como certa nos corredores da Casa, faltando apenas a formalização do pedido à Presidência. Com a licença de Nelter, o suplente Kelps Lima (PR), ex-secretário de Mobilidade Urbana de Natal, assumiria sua vaga.
Odelmo de Moura Rodrigues foi preso na tarde do dia 30 de agosto, no município de Assu, por suspeita de envolvimento em vários homicídios que aconteceram na região do Vale nos últimos 20 anos. A prisão fez parte da Operação Malassombro. O deputado estadual teria ficado marcado para morrer depois de conceder entrevistas cobrando do Governo do Estado a prisão dos responsáveis pelos crimes.
De acordo com o delegado Odilon Teodósio, diretor da Divisão de Polícia do Oeste (Divipoe), com sede em Mossoró, Odelmo era o mentor intelectual do grupo que aterrorizava a região.
O vereador teria contratado dois pistoleiros identificados como Paulo Douglas e Valdemar Ulisses para matar o deputado, mas como o serviço não foi feito, os dois acabaram sendo executados, possivelmente a mando do próprio Odelmo.
Queima de arquivo praticada pelo bando teria sido o motivo da morte de Joaquim Gomes, executado com quatro tiros em 29 de fevereiro do ano 2000, às 22h, na Avenida Prudente de Morais, no bairro de Petrópolis, Zona Sul de Natal, por quatro homens que chegaram num Palio de cor verde, quatro portas.
Joaquim Gomes tinha morado em Assu e suspostamente era pistoleiro do bando, expulso da cidade por desavenças. “Temos informações, que na época, deram 24h para o Joaquim sair da cidade, mas depois vieram em Natal e o mataram”, disse o delegado, em entrevista coletiva realizada um dia após a prisão de Odelmo.
Segundo as investigações, Odelmo de Moura Rodrigues cumpria a função, antes exercida pelo próprio pai, conhecido como Zé Rodrigues, já falecido, e que era o mentor do grupo. O irmão de Odelmo, Aureliano Rodrigues da Silva, também fazia parte do bando. De acordo com a polícia, Aureliano era pistoleiro e foi preso em março deste ano no Rio de Janeiro, porque tinha contra ele três mandados de prisão em aberto.

“Tendenciosa”
O advogado Antônio Carlos de Souza Oliveira, que faz a defesa do presidente da Câmara Municipal de Assu, vereador Odelmo de Moura Rodrigues, acusado de comandar um grupo de extermínio na Região do Vale, já afirmou que a investigação intitulada Operação Malassambro tem sido tendenciosa. Ele diz que as acusações são infundadas e que não existem provas concretas contra Odelmo. “O meu cliente e o deputado tiveram uma discussão simples, mas tudo já estava resolvido, não havia rancor, nem mágoa. Isso não existiu”, afirmou, em setembro.