A fiscalização federal detectou a presença de formol em duas de 30 amostras de leite cru coletadas durante a Operação Leite Compen$ado, na quarta-feira, 8, e de antibiótico em uma de cinco partilhas de leite em pó recolhidas para análise durante fiscalização de rotina.
Alex RégisTransportadores adicionavam substâncias proibidas no leite cru
O resultado das análises que indicaram a adulteração com água e uréia, produto que contém formol, foi divulgado pelo Ministério da Agricultura, em Brasília, ontem, quase ao mesmo tempo em que a superintendência regional da pasta revelava a presença do medicamento no leite em pó, em Porto Alegre.
Os novos dados se somam aos descobertos durante a Operação Leite Compen$sado, do Ministério Público Estadual, que apontou que adulterações do leite feitas por transportadores acabaram chegando ao produto vendido ao consumidor e fez três indústrias retirarem do mercado oito lotes que haviam enviado ao varejo. Em decorrência da operação também foi suspensa a comercialização de outras quatro marcas que tinham produtos envasados em uma só indústria.
As investigações indicaram que alguns transportadores que compram leite dos produtores para revendê-lo à indústria adicionavam água à bebida e, para driblar as análises feitas pelas empresas, acrescentavam uréia, que, por sua vez, contém formol, substância considerada cancerígena. Com isso, conseguiam aumentar o volume que entregavam para beneficiamento em até 10% e lucrar mais.
Antibióticos
O superintendente regional do Ministério da Agricultura, Francisco Signor, disse que a presença de antibióticos em amostras de leite é proibida e não era detectada desde o início dos anos 1990 no Estado. Não informou, no entanto, em qual empresa a irregularidade ocorreu. Vai esperar que novos testes, de contraprova, confirmem ou neguem o resultado dos primeiros.
As duas amostras que comprovaram a presença de formol foram retiradas de caminhões que estavam levando leite para postos de resfriamento em Selbach e Crissiumal, no noroeste do Rio Grande do Sul. Depois de colher as amostras, a fiscalização encaminhou o produto para uma cooperativa com equipamentos adequados para transformá-lo em leite em pó.
Os proprietários dos 28 lotes com amostras negativas poderão retirá-los. Já as empresas que receberiam os lotes dos quais foram retiradas amostras positivas serão multadas e submetidas a regime especial de fiscalização até comprovarem que não estão processando leite adulterado, informou Signor.
A Operação Leite Compen$ado prendeu oito pessoas na quarta-feira e uma na quinta-feira, 9. Duas foram liberadas no mesmo dia, depois de prestar depoimento. Outras seis foram levadas do presídio de Espumoso para a sede do Ministério Público em Tapera, para depoimento, ontem. A adulteração afetou lotes das marcas Italac, Mumu, Líder e Latvida. O Ministério da Agricultura vai realizar fiscalização em outros estados do país.