Diretório Estadual do DEM ficará junto ao PMDB, mas alguns prefeitos do partido apoiarão o PSD
Ciro Marques Repórter de Política
A governadora Rosalba Ciarlini não será candidata a reeleição, porque
o Democratas negou apoio a ela em nome da “sobrevivência”. E, apesar do
Diretório Estadual do DEM ter se decidido pela aliança a candidatura do
PMDB, encabeçada por Henrique Eduardo Alves, é possível ver casos de
lideranças do interior do Rio Grande do Norte que vão apoiar o nome do
principal adversário dele, Robinson Faria, pré-candidato do PSD. O DEM
vai para a disputa eleitoral de 2014 consideravelmente dividido.
Até porque não é são só prefeitos que não apoiarão a candidatura
peemedebista. A própria governadora Rosalba Ciarlini deverá ficar fora
do pleito ou então criticar o nome de Henrique Alves. Pelo menos, com
base nas últimas declarações que deu, Rosalba se mostrou bastante
insatisfeita com a forma como o pré-candidato do PMDB trata o governo,
da qual ele fez parte até setembro de 2013. Segundo ela, a gestão atual
sofre com o “isolamento” imposto por Henrique Alves.
Além disso, enquanto Henrique fez silêncio diante da decisão do DEM
de não apoiar a governadora na reeleição, o vice-governador Robinson
Faria divulgou até uma nota “solidário” a Rosalba e reclamando da
postura do Diretório Democratas. Até porque, oficialmente, a sigla
apoiará o PMDB.
Bom, de qualquer forma, o fato é que já é possível encontrar vários
dissidentes políticos no DEM. No Seridó do RN, por exemplo, o prefeito
democrata de Lagoa Nova, João Maria Assunção, vai apoiar Robinson Faria,
desrespeitando a opção feita pelo presidente nacional da sigla, José
Agripino.
Em Lagoa de Pedra, outro exemplo: o atual prefeito da cidade Raniere,
também do DEM, apoiará Robinson, que participou da campanha dele em
2012. Em Passagem, Dedé de Babá é mais um a declarar apoio ao
vice-governador do RN, depois que a sigla negou legenda a Rosalba.
É importante lembrar que nos últimos dias, apesar de não ter fechado
com mais nenhum partido (o PSD deve ir acompanhado apenas de PT e PC do B
para a eleição), Robinson tem comemorado o apoio de alguns gestores de
siglas adversárias. O ex-prefeito de Lagoa Nova, Erivan Costa, do PSB,
por exemplo, fechou com ele, mesmo a presidente estadual da sigla, Wilma
de Faria, ser pré-candidata ao Senado na chapa de Henrique.
Na mesma situação está o ex-prefeito de Acari, Antonio Carlos
conhecido como Tom (PR), que anunciou apoio a Robinson mesmo o presiden
estadual da sigla, João Maia, sendo vice-governador na chapa de
Henrique. Tom explicou que a declaração de apoio é feita em respeito ao
povo e a política do Rio Grande do Norte. “Declaro o meu apoio e de todo
o meu grupo a Robinson Faria por respeito ao povo e a política.
Robinson traz uma proposta nova, de renovação do quadro político que
temos hoje. Ele quer trabalhar pelo Estado e do outro lado existe um
grande acordão para a salvação pessoal de cada um e não do povo”,
declarou.
Na cidade, Robinson também foi apoiado pelo presidente da Câmara de
Acari, Leonardo Ferreira, conhecido como Leó e os vereadores Albervânia
Medeiros (PR), Chico Dias (PR), Nenivan Bezerra (PSB), Zuiu Ribeiro
(PR), Chico Dias (PR), do suplente de vereador Adonias Bezerra, do
ex-candidato a vice-prefeito Marcelo de Manduca (PT), o presidente do
PT, Cosme Noberto e lideranças da região.
HENRIQUE E O DEM
É bem verdade que, enquanto alguns dissidentes do Democratas ficarão
com Robinson Faria, os principais líderes do partido, como o senador
José Agripino, o deputado federal Felipe Maia e os deputados estaduais
Getúlio Rêgo, Leonardo Nogueira e José Adécio vão levar o tempo de
televisão do DEM para Henrique Eduardo Alves. Mais do que uma simples
escolha, destaca-se, o apoio é uma forma de sobreviver.
Isso porque Felipe, Getúlio, Leonardo e Adécio têm mandatos
atualmente e precisam se aliar a outros partidos para conseguir se
reeleger na eleição deste ano. Como a aliança do PMDB é maior, a
possibilidade de reeleição é mais fácil. Seria isso ou ficar sozinhos, o
que dificilmente resultaria em coeficiente eleitoral suficiente para
eleger ao menos um dos nomes na Assembleia Legislativa, por exemplo.
Robinson: “Excluir Rosalba Ciarlini da eleição mostra pensamento pequeno e antidemocrático”
O primeiro aliado político de Rosalba Ciarlini a romper com o governo
e se tornar oposição à administração estadual, o vice-governador
Robinson Faria, do PSD, foi o único adversário político a, até o
momento, manifestar solidariedade com a situação da chefe do Executivo
Estadual. Segundo Robinson, a atitude da direção do Democratas de negar a
legenda para que Rosalba seja candidata a reeleição, foi uma atitude
“antidemocrática” e que só beneficia os grupos familiares que dominam o
RN há anos.
“Ao excluir a governadora do direito a concorrer a reeleição por um
conchavo político para beneficiar grupos familiares que dominam o Rio
Grande do Norte há anos, eles mostraram mais uma vez o pensamento
pequeno, antidemocrático e desigual a Rosalba e mais ainda aos
eleitores. Se uma palavra pudesse dirigir aos que foram vencidos na
recente Convenção do DEM, repetiria o poeta Jorge Luis Borges: ‘Há
derrotas que têm mais dignidade do que a vitória’”, afirmou Robinson
Faria em nota enviada a imprensa.
Quando citou os “grupos familiares”, o vice-governador do RN se
referiu a candidatura de Henrique Eduardo Alves, do PMDB, que receberá o
apoio formal do Democratas. No palanque peemedebista estarão Garibaldi
Alves Filho, Geraldo Melo, Wilma de Faria e, agora, José Agripino, todos
ex-governadores.
“O princípio do respeito à cidadania, pluralismo político e dignidade
estão consagrados na Constituição Federal Brasileira, dentre os
princípios fundamentais do nosso Estado Democrático. Um partido político
e seus dirigentes têm o dever de preservar tais valores”, afirmou
Robinson, acrescentando que, “como cidadão, lamento o ocorrido. Foi no
mínimo um desrespeito e um mau exemplo para a história política do Rio
Grande do Norte, cujo futuro depende do comportamento ético e
democrático dos eleitos pelas urnas. O pleito de outubro se aproxima e
os eleitores terão a oportunidade de reagir ao ocorrido”.
Robinson Faria também lembrou, na nota, toda a divergência política
que teve ao romper com Rosalba Ciarlini. Isso, porém, não causou
prejuízo a relação pessoal dos dois. “Todo o Rio Grande do Norte conhece
a divergência política que tive com a governadora Rosalba Ciarlini no
episódio que resultou no meu rompimento e afastamento político no
primeiro ano de governo, em 2011. As razões e motivos recíprocos foram
divulgados, mas devo lembrar que jamais existiu entre nós desrespeito
recíproco, prevalecendo sempre o direito de opinião e de posicionamento
partidário”, explicou.
Aliado ao governado Wilma de Faria, Robinson Faria foi preterido pela
ex-governadora em 2010, quando ela o preferiu para apoiar a candidatura
do então vice-governador, Iberê Ferreira. Robinson, então, migrou para o
palanque de Rosalba Ciarlini e se candidatou como vice dela.
Contudo, quando a gestão do DEM começou, segundo ele conta, Robinson
teria começado a ser excluído, porque havia trocado o PMN pelo PSD,
partido que, nacionalmente, havia reduzido consideravelmente o número de
integrantes do DEM. Robinson, então, rompeu com o Governo ainda no
primeiro ano de administração e tem sido oposição desde então.
-Por Jornal de Hoje