quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sem Rosalba, DEM se divide entre Henrique Eduardo e Robinson Faria

Diretório Estadual do DEM ficará junto ao PMDB, mas alguns prefeitos do partido apoiarão o PSD rtuwuw
Ciro Marques Repórter de Política

A governadora Rosalba Ciarlini não será candidata a reeleição, porque o Democratas negou apoio a ela em nome da “sobrevivência”. E, apesar do Diretório Estadual do DEM ter se decidido pela aliança a candidatura do PMDB, encabeçada por Henrique Eduardo Alves, é possível ver casos de lideranças do interior do Rio Grande do Norte que vão apoiar o nome do principal adversário dele, Robinson Faria, pré-candidato do PSD. O DEM vai para a disputa eleitoral de 2014 consideravelmente dividido.
Até porque não é são só prefeitos que não apoiarão a candidatura peemedebista. A própria governadora Rosalba Ciarlini deverá ficar fora do pleito ou então criticar o nome de Henrique Alves. Pelo menos, com base nas últimas declarações que deu, Rosalba se mostrou bastante insatisfeita com a forma como o pré-candidato do PMDB trata o governo, da qual ele fez parte até setembro de 2013. Segundo ela, a gestão atual sofre com o “isolamento” imposto por Henrique Alves.
Além disso, enquanto Henrique fez silêncio diante da decisão do DEM de não apoiar a governadora na reeleição, o vice-governador Robinson Faria divulgou até uma nota “solidário” a Rosalba e reclamando da postura do Diretório Democratas. Até porque, oficialmente, a sigla apoiará o PMDB.
Bom, de qualquer forma, o fato é que já é possível encontrar vários dissidentes políticos no DEM. No Seridó do RN, por exemplo, o prefeito democrata de Lagoa Nova, João Maria Assunção, vai apoiar Robinson Faria, desrespeitando a opção feita pelo presidente nacional da sigla, José Agripino.
Em Lagoa de Pedra, outro exemplo: o atual prefeito da cidade Raniere, também do DEM, apoiará Robinson, que participou da campanha dele em 2012. Em Passagem, Dedé de Babá é mais um a declarar apoio ao vice-governador do RN, depois que a sigla negou legenda a Rosalba.
É importante lembrar que nos últimos dias, apesar de não ter fechado com mais nenhum partido (o PSD deve ir acompanhado apenas de PT e PC do B para a eleição), Robinson tem comemorado o apoio de alguns gestores de siglas adversárias. O ex-prefeito de Lagoa Nova, Erivan Costa, do PSB, por exemplo, fechou com ele, mesmo a presidente estadual da sigla, Wilma de Faria, ser pré-candidata ao Senado na chapa de Henrique.
Na mesma situação está o ex-prefeito de Acari, Antonio Carlos conhecido como Tom (PR), que anunciou apoio a Robinson mesmo o presiden estadual da sigla, João Maia, sendo vice-governador na chapa de Henrique. Tom explicou que a declaração de apoio é feita em respeito ao povo e a política do Rio Grande do Norte. “Declaro o meu apoio e de todo o meu grupo a Robinson Faria por respeito ao povo e a política. Robinson traz uma proposta nova, de renovação do quadro político que temos hoje. Ele quer trabalhar pelo Estado e do outro lado existe um grande acordão para a salvação pessoal de cada um e não do povo”, declarou.
Na cidade, Robinson também foi apoiado pelo presidente da Câmara de Acari, Leonardo Ferreira, conhecido como Leó e os vereadores Albervânia Medeiros (PR), Chico Dias (PR), Nenivan Bezerra (PSB), Zuiu Ribeiro (PR), Chico Dias (PR), do suplente de vereador Adonias Bezerra, do ex-candidato a vice-prefeito Marcelo de Manduca (PT), o presidente do PT, Cosme Noberto e lideranças da região.
HENRIQUE E O DEM
É bem verdade que, enquanto alguns dissidentes do Democratas ficarão com Robinson Faria, os principais líderes do partido, como o senador José Agripino, o deputado federal Felipe Maia e os deputados estaduais Getúlio Rêgo, Leonardo Nogueira e José Adécio vão levar o tempo de televisão do DEM para Henrique Eduardo Alves. Mais do que uma simples escolha, destaca-se, o apoio é uma forma de sobreviver.
Isso porque Felipe, Getúlio, Leonardo e Adécio têm mandatos atualmente e precisam se aliar a outros partidos para conseguir se reeleger na eleição deste ano. Como a aliança do PMDB é maior, a possibilidade de reeleição é mais fácil. Seria isso ou ficar sozinhos, o que dificilmente resultaria em coeficiente eleitoral suficiente para eleger ao menos um dos nomes na Assembleia Legislativa, por exemplo.
Robinson: “Excluir Rosalba Ciarlini da eleição mostra pensamento pequeno e antidemocrático”
O primeiro aliado político de Rosalba Ciarlini a romper com o governo e se tornar oposição à administração estadual, o vice-governador Robinson Faria, do PSD, foi o único adversário político a, até o momento, manifestar solidariedade com a situação da chefe do Executivo Estadual. Segundo Robinson, a atitude da direção do Democratas de negar a legenda para que Rosalba seja candidata a reeleição, foi uma atitude “antidemocrática” e que só beneficia os grupos familiares que dominam o RN há anos.
“Ao excluir a governadora do direito a concorrer a reeleição por um conchavo político para beneficiar grupos familiares que dominam o Rio Grande do Norte há anos, eles mostraram mais uma vez o pensamento pequeno, antidemocrático e desigual a Rosalba e mais ainda aos eleitores. Se uma palavra pudesse dirigir aos que foram vencidos na recente Convenção do DEM, repetiria o poeta Jorge Luis Borges: ‘Há derrotas que têm mais dignidade do que a vitória’”, afirmou Robinson Faria em nota enviada a imprensa.
Quando citou os “grupos familiares”, o vice-governador do RN se referiu a candidatura de Henrique Eduardo Alves, do PMDB, que receberá o apoio formal do Democratas. No palanque peemedebista estarão Garibaldi Alves Filho, Geraldo Melo, Wilma de Faria e, agora, José Agripino, todos ex-governadores.
“O princípio do respeito à cidadania, pluralismo político e dignidade estão consagrados na Constituição Federal Brasileira, dentre os princípios fundamentais do nosso Estado Democrático. Um partido político e seus dirigentes têm o dever de preservar tais valores”, afirmou Robinson, acrescentando que, “como cidadão, lamento o ocorrido. Foi no mínimo um desrespeito e um mau exemplo para a história política do Rio Grande do Norte, cujo futuro depende do comportamento ético e democrático dos eleitos pelas urnas. O pleito de outubro se aproxima e os eleitores terão a oportunidade de reagir ao ocorrido”.
Robinson Faria também lembrou, na nota, toda a divergência política que teve ao romper com Rosalba Ciarlini. Isso, porém, não causou prejuízo a relação pessoal dos dois. “Todo o Rio Grande do Norte conhece a divergência política que tive com a governadora Rosalba Ciarlini no episódio que resultou no meu rompimento e afastamento político no primeiro ano de governo, em 2011. As razões e motivos recíprocos foram divulgados, mas devo lembrar que jamais existiu entre nós desrespeito recíproco, prevalecendo sempre o direito de opinião e de posicionamento partidário”, explicou.
Aliado ao governado Wilma de Faria, Robinson Faria foi preterido pela ex-governadora em 2010, quando ela o preferiu para apoiar a candidatura do então vice-governador, Iberê Ferreira. Robinson, então, migrou para o palanque de Rosalba Ciarlini e se candidatou como vice dela.
Contudo, quando a gestão do DEM começou, segundo ele conta, Robinson teria começado a ser excluído, porque havia trocado o PMN pelo PSD, partido que, nacionalmente, havia reduzido consideravelmente o número de integrantes do DEM. Robinson, então, rompeu com o Governo ainda no primeiro ano de administração e tem sido oposição desde então.

-Por Jornal de Hoje