sexta-feira, 8 de abril de 2011

Hospital Reional Lindolfo Gomes Vidal participa da pesquisa nacional da Fiocruz 'Nascer no Brasil'




Trabalho vai avaliar a assistência do parto.

O Hospital Regional Lindolfo Gomes Vidal de Santo Antonio-RN, foi escolhido para participar da pesquisa nacional ‘Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento’, que tem o objetivo de Estimar a prevalência de partos cesarianos ocorridos em instituições públicas do Sistema de Saúde brasileiro, segundo localização geográfica, além de descrever as complicações maternas e nos recém-nascidos por tipo de parto, com ênfase na prematuridade, bem como a análise das associações entre estas, controlado por variáveis intervenientes.

Visando o êxito da análise da pesquisa e assistencia ao parto, o prefeito Dr. Gilson Geraldo esteve reunido com as doutoras: Drª. Maria do Carmo Lopes de Melo, Drª Teresa Neuman B. Dantas fabricio, Drª Ravena Maria Lopes de Queiroz e Drª Pricila Paula lopes de Queiroz, entre outras, nesta quinta-feira(07.04), no Hospital.

Introdução e justificativa


Desde o final dos anos 60 do século XX, as taxas de cesariana vêm aumentando de forma sistemática tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. Apesar da grande variação, uma comparação das taxas desta cirurgia em dezenove países industrializados da Europa, América do Norte e Pacífico apontou que em quase todos houve uma elevação consistente e que os valores das taxas parecem estar convergindo. Este aumento das taxas de cesariana em países desenvolvidos combina com taxas comparáveis ou maiores em países menos desenvolvidos e apontam para a necessidade de avaliar a evolução deste indicador da atenção obstétrica.
No Brasil, são cerca de três milhões de nascimentos por ano, 46,6% via cesárea. Em 2007, no Sistema Público a taxa de cesárea foi de 35%, enquanto na Saúde Suplementar foi de 80% (taxas estimadas a partir do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - Sinasc e Sistema de Informação Hospitalar SIH/SUS). Quanto maior a população inserida no sistema de saúde suplementar, maior é a taxa de cesariana. Muitos são os fatores que influenciam essas taxas no Brasil: a localização geográfica de residência da mãe, as condições socioeconômicas da clientela, as fontes de financiamento dos serviços de saúde e o modelo vigente de atenção médica.
Segundo dados do Sinasc/MS, entre 1994 e 2007, a taxa de cesarianas aumentou em 44,0% no país. Um dos motivos apresentados para justificar a elevação das taxas de cesariana tem sido uma mudança no perfil de risco das gestantes de tal forma que atualmente uma maior proporção de partos seria de alto risco. Entretanto são necessários estudos que busquem avaliar se a mudança do perfil de risco das gestantes justifica o aumento das taxas de cesariana.
Do mesmo modo, a escolha do tipo de parto pela mulher tem sido descrita na literatura médica como um fator que tem contribuído significativamente para o aumento das taxas de cesariana, porém a influência da solicitação da mulher é desconhecida.
Estudos avaliando os riscos maternos associados à cesariana têm apontado uma maior prevalência de febre no puerpério, maior risco de ruptura uterina, hemorragia pós-parto, remoção manual de placenta, infecção e admissão em UTI após uma primeira gestação que tenha terminado com uma cesariana.
Outro estudo apontou a influência do tipo de parto no aleitamento materno na primeira hora de vida do recém-nascido, encontrando que 22,4% das mães com parto normal iniciaram o aleitamento materno nesse período, enquanto apenas 5,8% das mães com parto cesariano. Estudos nacionais sobre desconforto e dor pós-parto cesáreo não foram encontrados na revisão da literatura feita pela equipe de pesquisa.
Outra preocupação tem sido o aumento da prematuridade no país. Evidências recentes sugerem que o aumento da taxa de nascimentos pré-termo e de baixo peso ao nascer no Brasil teve como uma de suas causas o aumento da taxa de cesáreas e de indução do parto. Dados do estudo de coorte de Pelotas mostram que a prematuridade naquele município aumentou de 6,3% em 1982 para 11,4% em 1993 e 14,7% em 2004. A tendência de crescimento na última década também incluiu as mães dos grupos sociais mais favorecidos socialmente da cidade. Houve concomitante aumento de partos cesáreos (28, 31 e 45% do total de partos nos três acompanhamentos) e do uso de técnicas de indução medicamentosa dos partos, num cenário de medicalização excessiva. Estudo realizado nos EUA mostrou que os prejuízos para os recém-nascidos prematuros tardios (34 a 36 semanas gestacionais) não se limitam ao momento do nascimento, se prolongando pela vida futura da criança, estabelecendo desvantagens nos padrões de saúde em relação aos nascidos de parto vaginal.
Assim, justifica-se a realização de um estudo de abrangência nacional para conhecer os motivos que levam as gestantes a se submeterem ao parto cesariano, a real magnitude da prematuridade no país, com destaque para a prematuridade tardia, bem como, descrever as consequências imediatas e tardias do tipo de parto sobre a saúde da puérpera e do recém-nascido.