No Rio Grande do Norte os efeitos
da seca, em 2012, afetaram todos os setores da economia do Estado,
especialmente o agropecuário
O Rio Grande do Norte terá, assim como a
Paraíba, mais nove anos de estiagem. A projeção é do professor Luiz
Carlos Baldicero Molion, PHD em Meteorologia e pesquisador da
Universidade Federal de Alagoas.
Ele afirma que os estudos sobre o
comportamento das temperaturas nos oceanos, relacionados com os
levantamentos dos dados das séries históricas de chuvas nos estados
nordestinos, indicam que haverá um longo período seca na região. “Será
preciso medidas emergenciais nos próximos anos. Mas é preciso
ultrapassar o imediato. Não se pode mais perder tempo e adiar as ações
que criem condições para ao desenvolvimento ao aproveitar as
características”, destaca.
Com dezenas de artigos publicados sobre
clima e hidrologia, Luiz Carlos Baldicero Molion desenvolve diversas
pesquisas sobre as causas e a previsibilidade das secas do Nordeste. Ele
é pesquisador e um representante dos países da América do Sul na
Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial.
O professor alerta que os estados do
Nordeste precisam estar preparados para um longo período de poucas
chuvas nos próximos anos. “Não gosto da palavra ‘seca’, porque a região
já tem essa característica quase de forma permanente. Trata-se de mais
um período com chuvas abaixo da média”, disse, à reportagem da TN.
Na última quarta-feira, ele esteve em
João Pessoa para participar do lançamento da campanha “SOS Seca
Paraíba”. A iniciativa foi da Assembleia Legislativa, durante solenidade
no Hotel Tambaú. “Nos próximos nove anos, vamos ter chuvas abaixo do
normal, em relação ao período entre 1977 e 1998″, diz o pesquisador. De
acordo com Molion, a seca de 2012 foi uma das mais severas dos últimos
60 anos. “E as perspectivas não são melhores para os próximos anos”,
avisa. Segundo ele, o epicentro da seca foi o Sertão, onde, nos meses de
fevereiro, março e abril do ano passado, choveu entre 300 mm e 400 mm a
menos do que no ano de 2011.
Segundo ele, as secas constantes e
severas no semiárido nordestino têm relações diretas com fenômenos que
ocorrem no Oceano Pacífico. Ele lembra que em torno de 71% da superfície
da terra é coberta pelos oceanos. Por isso, a temperatura das águas
oceânicas influenciam o comportamento das chuas. “Quando as águas do
Pacífico estão frias, as chuvas nos Estados nordestinos são reduzidas.
Quando as águas esquentam no Pacífico, as chuvas aumentam por aqui”,
explica.