O
Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas do Estado, recomendou,
mais uma vez, que os gestores públicos dos municípios castigados pela
seca não realizem festas. Anteriormente, a recomendação havia sido
expedida com o São João em vista. Agora, a preocupação é com o carnaval.
O MP tem receio de que gastos com a festa inviabilizem a assistência
para a população necessitada.
"Os municípios estão com um
decreto de calamidade em vigor. Não se pode negligenciar os direitos
primordiais para bancar uma festa", aponta o procurador-geral Luciano
Ramos. Segundo o procurador Ricart Coelho existem muitos municípios que
querem realizar festas no período de carnaval, mas que estão com a folha
de pagamento dos servidores atrasada. "Isso é inadmissível" afirmou
Ricart. As sanções para quem não cumprir a recomendação vão desde a
abertura de processo no Tribunal de Contas; investigação pelo Ministério
Público Estadual; podendo até ensejar ação de improbidade e
inelegibilidade.
A "proibição", contudo, não é absoluta. É
possível realizar a festa sem sofrer nenhum procedimento, mas o mais
prudente é procurar a Corte de Contas previamente. "Todo gasto realizado
pelo gestor público deve ser devidamente justificado. O Ministério
Público junto ao TCE está atuando preventivamente. O município que
pretender realizar festejos carnavalescos esse ano deverá procurar o
Ministério Público Junto ao TCE para averiguarmos a viabilidade dos
gastos", disse o procurador geral Luciano Ramos.
No caso dos
carnavais mais tradicionais do Estado, como o de Caicó e Macau, por
exemplo, os casos precisam ser analisados individualmente. "Cada caso é
um caso. Se a iniciativa privada quiser pagar pela festa, não há
problema", diz Luciano Ramos. E complementa: "Também é possível
demonstrar que a realização da festa não prejudicou o atendimento à
população".
Como se sabe, esse tipo de festa traz um incremento
para a economia local. Esse pode ser um argumento utilizado pelos
gestores. Mas, para Luciano Ramos, trata-se de um argumento que não pode
ser usado em abstrato. É preciso demonstrar concretamente o benefício
para o interesse público. "Caso fique demonstrado que houve de fato um
incremento, que não houve um gasto, mas um investimento para conseguir
mais recursos a partir do turismo, não haverá problema nenhum", disse.
Na
próxima terça-feira, a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte
irá se reunir para chegar a um consenso acerca da recomendação feita
pelo TCE. A ideia, segundo o prefeito Benes Leocádio, é tomar uma
decisão coletiva. "Não pode se imaginar que as prefeituras possam deixar
de atender as necessidades da população para realizar uma festa",
disse, ressaltando que os casos de carnavais mais tradicionais precisam
ser analisados de forma diferenciada, já que a iniciativa privada
costumeiramente assume parte dos gastos. "É o que acontece em Caicó, por
exemplo", destacou o prefeito.