O discurso apresentado pelo PT no
programa partidário veiculado nesta quinta-feira na TV é uma “balela” e
expõe o medo de uma derrota nas eleições deste ano. A avaliação foi
feita pelo pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador
Aécio Neves, em palestra na manhã desta sexta-feira para empresários na
Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo. Aécio usou até o
episódio do mensalão para contestar a propaganda petista
- Depois de 12 anos o que eles têm a nos
oferecer é o medo? O que eu vi ontem foi o partido do mensalão falando
em combater a corrupção. Vi inúmeras obras de mobilidade mas nenhuma
concluída pela incapacidade do atual governo. Um partido que fala em
medo quando o medo é eles que têm hoje de perder a eleição – discursou o
senador.
O presidenciável ironizou o desfecho do
discurso petista no programa partidário. Primeiro, chamou a peça de
“propaganda eleitoral” e depois falou que o adversário “chegou a uma
conclusão curiosa”.
- De que para mudar é melhor deixar tudo como está. Já eu quero mudar tudo – disse Aécio.
O senador também respondeu à comparação
feita no programa sobre o histórico da inflação na gestão Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff. Os números apresentados na TV
ontem apontaram que nos oito anos da gestão tucana a média de inflação
foi de 9% ao ano, enquanto, nos três primeiros anos do governo Dilma,
ela foi de 6%.
- É uma fraude intelectual do PT porque
eles sabem como era o governo do presidente Fernando Henrique. Nós
pegamos a inflação em 80% ao mês. Isso é desrespeito à população. É
fazer pouco da inteligência dos brasileiros.
No discurso para os empresários, Aécio
voltou a se comprometer com uma reforma tributária e defendeu mais uma
vez a cláusula de barreira para os partidos políticos, derrubada pelo
Supremo Tribunal Federal. O mecanismo previa que partidos que não
atingissem um mínimo de votação nas urnas não tivessem acesso aos
recursos do fundo partidário e a tempo no rádio e na TV. A regra foi
aprovada pelo Congresso e poderia levar ao fim de várias siglas
pequenas, como aquelas com as quais Aécio está negociando apoio neste
ano, como PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN.
O senador negou, em entrevista, que houvesse incoerência entre o que prega em discurso nesse assunto e o que faz na prática.
- A regra atual é essa (sem cláusula de barreira). Amanhã eu torço para que esses partidos (nanicos) possam sobreviver.
Apoio do DEM
Mais tarde, em encontro com a ala
paulista do DEM, o pré-candidato do PSDB pediu nesta sexta-feira o apoio
do partido para a eleição nacional e deixou a reunião com um aceno
favorável do histórico aliado. Em discurso para parlamentares e
lideranças do DEM no estado, Aécio defendeu não haver distinção entre
tucanos e democratas.
- Tucanos e democratas são a mesma
coisa, somos o mesmo bicho querendo devorar e vencer aqueles que vêm
infelicitando o Brasil, trazendo o medo de volta.
Peço a cada um de vocês, vamos fazer essa caminhada juntos – discursou o senador.
Antes dele, o senador José Agripino
Maia, presidente nacional do DEM, e outras lideranças fizeram
pronunciamentos em favor da continuidade da parceria entre PSDB e DEM.
- Sempre me sinto em casa com o PSDB. São pessoas com quem não tenho medo de enfrentar o futuro – afirmou Agripino.
Mas o senador destacou que não há
anúncio de aliança com Aécio por enquanto. A cautela é para que
negociações de alianças entre os dois partidos em alguns estados tenham
um desfecho a contento.
- Não é anúncio oficial, mas uma reunião
de amigos. Estamos avaliando a situação estado por estado. Nossa
aliança no quadro nacional não está ainda anunciada. A disposição é
completa, mas estamos fazendo um trabalho de ourives – explicou
Agripino.
Aécio tem, até agora, o apoio formal
apenas do Solidariedade (SDD). Ele também negocia, com a ajuda do
governador Geraldo Alckmin (PSDB), uma aliança com um grupo de legendas
nanicas, que acompanharão Alckmin na sucessão estadual. São seis
partidos (PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN), que, juntos, dariam cerca
de 20 segundos no horário eleitoral ao tucano.
Estimativas preliminares dão conta de
que Aécio terá pouco mais de 4 minutos, a presidente Dilma Rousseff,
cerca de 13 minutos, e Eduardo Campos (PSB), quase três minutos por dia
de propaganda na TV e no rádio.
Em uma reunião reservada que teve antes
do encontro público com o DEM, Aécio disse a representantes do histórico
aliado que anunciará o vice até o próximo dia 10. A convenção do PSDB
que oficializará a candidatura de Aécio está marcada para 14 de junho.
-Por O Globo