PSDB discute indicação de Serra como candidato a vice de Aécio
A indicação do ex-governador de São Paulo José Serra para a vaga de
vice na chapa presidencial do senador Aécio Neves (MG) passou a ser
discutida como uma possibilidade real dentro do PSDB. Serra e Aécio
dizem não ter conversado pessoalmente sobre o assunto, mas já foram
abordados por interlocutores dentro e fora do tucanato para tratar do
tema.
A decisão é complexa. Envolve não apenas um cálculo político, mas
também pessoal. Aliados de Aécio dizem que ele enxerga a tese da
composição com Serra “mais com incredulidade do que com restrição”.
Os que trataram com Serra sobre o assunto afirmam que o ex-governador
não dá sinais de que toparia a empreitada, mas também não a rechaça.
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Aécio e Serra tiveram por anos uma relação conturbada dentro do partido.
Quando se firmou como uma das liderança na legenda, o senador mineiro
passou a disputar com o paulista o posto de principal nome da sigla.
Em 2010, os dois ensaiaram partir para uma prévia para definir quem
seria o candidato do partido à Presidência. Já naquela época houve uma
tentativa (fracassada) de fazer com que formassem uma dobradinha.
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Hoje, a defesa da chapa Aécio-Serra partiu de políticos ligados ao
ex-governador de São Paulo. Ressaltando não falar em nome dele, alguns
aliados encomendaram pesquisas em seus Estados, testando o nome de Serra
na vice de Aécio.
No levantamento quantitativo, num primeiro momento, Serra adicionaria
votos a Aécio. O ex-governador foi candidato à Presidência em 2002 e
2010. Os defensores da composição afirmam que, com ele na vice, Aécio
garantiria votos em São Paulo –principal reduto de Serra.
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REJEIÇÃO
O problema, segundo aliados do senador, é que Serra tem hoje uma
rejeição muito alta, na casa dos 40%. Esse grupo receia que o
ex-governador possa transferir para a Aécio essa rejeição.
Ontem, questionado sobre os rumores de uma composição, Aécio elogiou o ex-governador, mas ressaltou não ter falado com ele.
“A essa altura essas especulações são naturais. Não sei nem qual é a
disposição do ex-governador sobre isso. Minha confiança é, sempre, de
que estaremos juntos”, disse. Aécio falou ainda que o nome para a vice
será debatido com os partidos aliados.
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Serra, que vinha se mantendo distante da pré-campanha de Aécio, cruzou a
agenda do mineiro por duas vezes nos últimos dez dias. Foi a um jantar
oferecido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab a Aécio em São Paulo e
esteve, no último sábado, em uma exposição agropecuária onde o mineiro
cumpria agenda.
Aécio disse não ter pressa para decidir sobre o tema. Os aliados de
Serra também acreditam que ele só definirá seu futuro político na última
hora. Hoje, ele estuda, além da vice de Aécio, a possibilidade de ser
candidato a deputado ou senador.
Enquanto isso, Aécio tenta se firmar como principal nome na oposição à presidente Dilma Rousseff.
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Nos últimos dias, o ex-governador Eduardo Campos (PE), nome do PSB para a
disputa, tem feito questão de se distanciar de Aécio, com quem vinha
fazendo uma espécie de dobradinha contra a petista. Ele ressaltou
divergências com o mineiro nas áreas de segurança e saúde, e também nas
propostas para a reforma tributária e controle inflacionário.
Ontem, Campos disse ter feito mais pela educação integral em
Pernambuco do que os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro juntos. Aécio governou Minas por oito anos.
O tucano evitou polemizar, mas rebateu: “Não acho nada de novo
naquilo que o Eduardo vem dizendo. [...] Mas é bom que o debate ocorra.
Até porque, se fôssemos iguais, estaríamos no mesmo partido, apoiando a
mesma candidatura”.
-por Folha de S. Paulo: