quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mulher em trabalho de parto se casa em maternidade na Grande Natal


Emoção em dose dupla. Enquanto a vendedora de 27 anos, Fabiana Vieira, dizia sim ao seu então noivo Alisson Rafael, de 22 anos, o primeiro filho do casal se remexia no ventre da mãe e a fazia se contorcer de dor. Grávida de sete meses, Fabiana entrou em trabalho de parto há dois dias.
 
 As contrações aumentaram justamente nesta quinta-feira (6), data na qual ambos haviam marcado o casamento diante do juiz de paz, que seria seguido de uma festa previamente planejada.
 
 O bebê, porém, decidiu vir ao mundo antes do tempo e não restou outra opção aos pais senão casar ali mesmo, na Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, na Grande Natal.
 
"Nós decidimos casar aqui porque senão perderíamos a data. Falamos com o pessoal do cartório e eles disseram que não tinha problema nenhum. Estou nervoso, mas muito feliz", disse Alisson Rafael momentos antes da cerimônia.
 
Internada desde a terça-feira (4), Fabiana Vieira dispensou o vestido branco e rodado que havia alugado por outro, um longo de malha, confortável e fácil de vestir. A maquiagem e cabelo ficaram sob a responsabilidade da equipe de enfermagem da maternidade. Enfermeiras e técnicas de enfermagem acompanhavam o sofrimento da mãe em trabalho de parto enquanto escovavam o cabelo e passavam a pintura na gestante.
 
Para a chefe do Setor de Enfermagem da maternidade, Carmén Dantas, nunca havia ocorrido um casamento naquela unidade hospitalar. "Estou duplamente feliz hoje. Além de trazermos crianças ao mundo, hoje estamos realizando um casamento. Ainda é mais fácil arrumar uma noiva do que realizar um parto", brincou.
 
Entre uma arrumação e outra, Fabiana fazia caretas e gemia. "O Vinícius está apressado pra nascer. Só tenho medo dele querer sair na hora do sim", disse ela. Do lado de fora do consultório, que serviu de salão de beleza, a expectativa era grande. "Estou um pouco ansioso, mas bastante feliz", afirmou o noivo Alisson.
 
Minutos depois a noiva estava pronta e foi conduzida ao auditório da maternidade. Não pelo noivo, mas por um maqueiro que empurrava a cadeira de rodas. Os pais de Fabiana aguardavam a chegada da filha ansiosos. "Estou tranquila, vai dar tudo certo", dizia Maria do Céu, a mãe.
 
Prontos para o sim, chegou a notícia de que a juíza de paz do município não poderia ir naquele momento à maternidade. Mesmo assim, encaminhou a documentação para ser assinada e lavrada no cartório mais próximo. Com isso, a ´cerimônia´ foi conduzida pela enfermeira Carmén Dantas. "Agora, além de partos, faço casamentos", brincou.
 
Para compor o cenário do casamento, as técnicas de enfermagem da maternidade improvisaram um buquê. Sem condições de ficar em pé, Fabiana acompanhou tudo sentada e sentindo muitas dores. Ao término da troca das alianças e das juras de amor eterno, o buquê foi jogado. "Eu sou divorciada e agora acho que vou casar de novo", disse a técnica de nutrição Anizete Silva, que pegou o buquê.
 
O bebê de Fabiana e Alisson ainda não tinha nascido até às 13h45 desta quinta-feira.
 
Fonte: G1 RN