quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Menina tem cinco agulhas no corpo
O caso de uma adolescente de apenas 13 anos que morava em Fortaleza (CE) e que foi abrigada pela Casa de Passagem em Natal pode ter relação com magia negra. O procurador geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, que soube do caso pela TRIBUNA DO NORTE, informou a situação da menor ao promotor da Infância e da Juventude, Marcones Antas, que irá a partir de hoje(15) tomar as providências cabíveis. A adolescente está internada no Hospital Maria Alice Fernandes, no conjunto Parque dos Coqueiros na Zona Norte de Natal. Os médicos que atenderam a jovem diagnosticaram cinco agulhas de costura no corpo da vítima, medindo em torno de quatro centímetros cada uma, além de dois outros objetos estranhos. Ela sofreu violência sexual.
júnior santosMenina foi examinada ontem, no Hospital Maria Alice Fernandes, onde deve passar por procedimentos para retirada das agulhasMenina foi examinada ontem, no Hospital Maria Alice Fernandes, onde deve passar por procedimentos para retirada das agulhas
Durante todo o dia de ontem a adolescente recebeu atendimento médico. Após ter sido examinada no Maria Alice, ela foi conduzida para o hospital Walfredo Gurgel onde foi realizada uma tomografia computadorizada para definir com precisão onde estavam localizados dois objetos estranhos no corpo da garota. Em seguida, foi transferida para o hospital Santa Catarina para fazer um procedimento cirúrgico (ginecológico), para retirada de um dos objetos encontrado nos órgãos genitais. Depois a menina seria, novamente, encaminhada para o hospital Maria Alice onde irá passar por uma cirurgia de urgência para retirada de, pelo menos, três agulhas.
Um dos médicos (que preferiu não se identificar) que atendeu a adolescente no Alice Fernandes disse que o raio-x identificou cinco agulhas. “Dá para ver que são de costura. Estão localizadas entre a gordura e a parede do abdome. Ela é gordinha. Não houve perfuração dos órgãos”. Outros dois objetos estranhos chamaram a atenção da equipe médica. “Um deles parece ser uma ponta de carga de caneta, mas o outro não dá para definir”, detalhou. O médico contou que, segundo a menina, ela teria sido abusada várias vezes. “A menina está com muito medo. Ainda não sabemos de quem”.
O caso que deixou todos os funcionários do hospital perplexos chama a atenção por um detalhe: informações passadas pela própria menina dão conta que os rituais de magia negra aconteciam em Fortaleza e que ela teria fugido de lá com destino à cidade de Mossoró e, posteriormente, para Natal onde foi abrigada em uma Casa de Passagem. Assim que chegou na instituição recebeu atendimento e foi levada para o Maria Alice por uma educadora.
O médico lembrou que, segundo a adolescente, as agulhas teriam sido introduzidas no corpo dela há 30 dias. Questionado se as agulhas estão enferrujadas no corpo da menor, o médico disse que, possivelmente, não oxidaram porque ela não está com infecção. “A jovem reclama de dores, por isso vamos fazer o procedimento rápido”.
No Hospital Santa Catarina, na zona Norte da capital, na tarde de ontem, não havia nenhum diretor para dar informações sobre o caso. Foi procurada a assistência social da unidade. Uma das funcionárias disse saber sobre o caso da adolescente, mas afirmou não estar autorizada a passar informações sobre o estado de saúde da jovem.
Um funcionário da direção do Hospital Maria Alice Fernandes (que não será identificado) informou que nunca teve conhecimento de um caso parecido no hospital e que todos ficaram indignados com a história da garota. “Ela não tem família aqui. Esta sendo assistida por uma educadora da Casa de Passagem. Acionamos a polícia porque o hospital precisa se assegurar. É um caso atípico”.
No final da tarde de ontem, na Delegacia Especializada em Defesa da Criança e do Adolescente, o agente de polícia Carlos Roberto Silva afirmou que a delegacia foi informada do caso pelo hospital. “Estamos aguardando o pessoal da Casa de Passagem para registrar o Boletim de Ocorrência”.
Na Casa de Passagem onde a menina estava, um pedagogo afirmou que não estava autorizado a dar informações sobre o caso.
(Por Roberta Trindade )