quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Poeta do Salto da Onça


João Gomes Sobrinho, mais conhecido como Xexéu
Desde criança, Xexéu é fascinado pelo universo da literatura. Essa paixão pelas letras o fez buscar por conta própria o conhecimento. “Nascido e criado no sítio de Lajes, no município de Santo Antônio do Salto da Onça”, como faz questão de dizer, o poeta conta que queria muito aprender a ler: “Lá não tinha escola, e eu tinha muita inveja de quem sabia ler e escrever. Então eu comprei uma cartilha de ABC, botei dentro do chapéu e saí procurando alguém para me ensinar. Quando encontrava alguém que sabia ler, pedia uma explicação”.

E foi assim que Xexéu descobriu os cordéis. Andando pelas feiras do seu interior em busca de alguém para lhe dar explicações, viu os folhetos à venda e logo se interessou por eles. Aos nove anos de idade, já fazia versos de improviso. Para “aprender mais”, leu livros de Casimiro de Abreu e de Machado de Assis.

Hoje, aos 72 anos, o poeta é um escritor de versos respeitado, com direito à história contada até em documentário. No ano de 1995, o curta Xexéu, um poeta potiguar foi premiado na I Mostra de Curtas Nordestinos do Festival de Cinema de Natal.

Xexéu apresenta como temas centrais de sua obra o amor, os problemas sociais e a preservação da natureza. Em Vozes da Natureza, o poeta narra as lembranças do sítio em que viveu, a mangueira rosa que inspirou os seus primeiros versos, a tamarineira que uma vizinha sua derrubou e os passarinhos que ele observava no interior. “No poema A fauna pedindo paz eu comparo a vida do passarinho preso com a vida do passarinho livre. Eu me inspiro o tempo todo na natureza, que é a minha maior musa.”

Em outros cordéis, Xexéu fez poesias sociais, de amor, de ilusões e de saudades. A sua primeira esposa, que faleceu em um acidente há mais de vinte anos, continua inspirando-o. “O povo diz que o amor só termina com a morte... Só se for pros outros. A minha primeira mulher ainda me inspira. O cheiro dela nunca saiu do meu nariz”, afirma o cordelista.

O Sertão nordestino e o sofrimento do povo que sobrevive do trabalho agrícola também são temas constantes em seus cordéis. Xexéu, além de poeta, é agricultor e conhece bem os problemas enfrentados pelos trabalhadores do campo.

Xexéu já realizou apresentações em vários lugares do Brasil, como São Bernardo do Campo, Curitiba, e Brasília. Em Natal e no interior do RN, sempre recita os seus versos.

Com uma vivacidade impressionante, o poeta continua morando aqui em Santo Antônio. Quem planta em terra boa, tem que fazer nascer”, diz Xexéu, em tom de poesia.

A literatura de cordel representa uma forma de criação popular em verso, impressa artesanalmente em papel jornal e ilustrada com xilogravuras. Os folhetos de cordel começaram a ser vendidos nas feiras livres do Nordeste brasileiro, expostos pendurados em cordões, surgindo daí o nome “cordel”.